segunda-feira, 15 de junho de 2015

O pênalti no jogo da juventude

Brasil, um país que se destaca pelas suas belezas naturais, pelo povo pluricultural, hospitaleiro e trabalhador, pelo esporte, principalmente, pelo futebol - futebol arte, gera e exporta grandes craques -, mas, de algumas décadas para cá, tem se tornado manchete e destaque em polêmicas que ao observar os fatos ocorridos, estão cada vez mais frequentes os escândalos envolvendo deputados, senadores e até ministros, “Esquema P. C. Farias”, “escândalo da administração de Paulo Maluf” nos anos noventa, “mensalão”, “escândalo das sanguessugas”, "lava jato", "metrô SP", são apenas alguns exemplos.
Além disso, o número de sequestros, assassinatos e demais crimes de violência, que atingem números alarmantes e o que mais chama atenção sobre isso é o fato de que adolescentes, o jovem brasileiro está envolvido. E em tempos de tanta polêmica, o Brasil essa semana discute sobre a REDUÇÃO MAIORIDADE PENAL. Aceitar que a solução para tanta violência, entre os jovens, no país, passa pelo simples ato de instituir ao Código Penal Brasileiro, à Constituição, a redução da maioridade de 18 para 16 anos, é além de uma atitude desesperada, uma solução ilusória e até errônea.
Um país que tem no futebol, a esperança, a visibilidade, a ação social, faz do assunto uma grande disputa de pênalti e que ao final, embora a torcida seja grande, tudo não passa de uma grande loteria. O jovem, o time, a torcida, a sociedade pode sair com resultado bem desfavorável.
É fácil delimitar o quão este jogo é frágil:
  • Segundo Ministério da Justiça, o envolvimento de jovens - menores - em crimes, no Brasil, não chega a 1%, em 2011, considerando apenas homicídios e crimes hediondos o índice cai para 0,5%.
  • O que impediria jovens de 15, 14 e 13 anos serem aliciados ao mundo do crime?  Pois, analisar bem a situação em que a exclusão, a marginalização, o crime organizado, narcotráfico são os fatores responsáveis por levar adolescentes a cometer crimes.
  • Dados que confirmam uma juventude cada vez mais precoce, que em todo o mundo, 7,3 milhões de adolescentes se tornam mães a cada ano, das quais 2 milhões são menores de 15 anos, segundo UNFPA, Fundo de População das Nações Unidas, que traz como título em seu relatório "Maternidade Precoce".  Então, como ficariam essas crianças? Em sua maioria de pais que não têm condições - físicas, psicológicas, materiais - alguma para estruturar uma família, e em muitos casos, a figura paterna não é reconhecida.
  • Pesquisas indicam que o primeiro gole de bebidas alcoólicas ocorre entre os 11 e os 13 anos, com conhecimento dos pais.
  • Nosso sistema prisional já não comporta mais presos. No Brasil, eles são, hoje, 500 mil, a quarta maior população carcerária do mundo. O ingresso precoce de adolescentes em nosso sistema carcerário só faria aumentar o número de bandidos, pois tornaria muitos deles distantes de qualquer medida socioeducativa. Ficariam trancafiados, sujeitos à violência, inclusive sexual, das facções que reinam em nossas prisões.
  • Reduzir para 16 anos é tirar esta responsabilidade cada vez mais cedo dos pais, da família. E isso tudo coloca a prova o papel da família, como a primeira instituição a educar, conscientizar, amparar, preparar a criança e o adolescente para  vida, para o mundo.
 Enfim, na marca da cal, na penalidade máxima, os gols visíveis são; o menor infrator  é resultado do descaso do Estado, das instituições e da família. Reduzir a maioridade penal pode, em primeiro momento, amenizar, mas não é a solução para o combate a violência, é tratar o efeito, e não a causa.  Precisa-se de um política mais enérgica, efetiva, não tão somente leis ou reformas políticas, mas precisa-se de AÇÕES de combate ao narcotráfico e ao crime organizado. E até aos pais para com a educação dos seus filhos, com um regime que assegure a formação ética e cidadã destes jovens.