segunda-feira, 19 de março de 2012

qUem É o jOVem bRaSiLEIro?


EU, ETIQUETA
Carlos Drummond de Andrade

Em minha calça está grudado um nome
Que não é meu de batismo ou de cartório
Um nome... estranho.
Meu blusão traz lembrete de bebida
Que jamais pus na boca, nessa vida,
Em minha camiseta, a marca de cigarro
Que não fumo, até hoje não fumei.
Minhas meias falam de produtos
Charge: Liberati
Que nunca experimentei
Mas são comunicados a meus pés.
Meu tênis é proclama colorido
De alguma coisa não provada
Por este provador de longa idade.
Meu lenço, meu relógio, meu chaveiro,
Minha gravata e cinto e escova e pente,
Meu copo, minha xícara,
Minha toalha de banho e sabonete,
Meu isso, meu aquilo.
Desde a cabeça ao bico dos sapatos,
São mensagens,
Letras falantes,
Gritos visuais,
Ordens de uso, abuso, reincidências.
Costume, hábito, permência,
Indispensabilidade,
E fazem de mim homem-anúncio itinerante,
Escravo da matéria anunciada.
Estou, estou na moda.
É doce estar na moda, ainda que estar na moda
Seja negar minha identidade,
Trocá-la por mil, açambarcando
Todas as marcas registradas,
Todos os logotipos do mercado.
Com que inocência demito-me de ser
Eu que antes era e me sabia
Tão diverso de outros, tão mim mesmo,
Ser pensante sentinte e solitário
Com outros seres diversos e conscientes
De sua humana, invencível condição.
Agora sou anúncio
Ora vulgar ora bizarro.
Em língua nacional ou em qualquer língua
(Qualquer principalmente.)
E nisto me comprazo, tiro glória
De minha anulação.
Não sou - vê lá - anúncio contratado.
Eu é que mimosamente pago
Para anunciar, para vender
Em bares festas praias pérgulas piscinas,
E bem à vista exibo esta etiqueta
Global no corpo que desiste
De ser veste e sandália de uma essência
Tão viva, independente,
Que moda ou suborno algum a compromete.
Onde terei jogado fora
Meu gosto e capacidade de escolher,
Minhas idiossincrasias tão pessoais,
Tão minhas que no rosto se espelhavam
E cada gesto, cada olhar
Cada vinco da roupa
Resumia uma estética.
Hoje, sou costurado,
Sou tecido,
Sou gravado de forma universal,
Saio da estamparia, não de casa,
Da vitrine me tiram, recolocam,
Objeto pulsante mas objeto
Que se oferece como signo dos outros
Objetos estáticos, tarifados.
Por me ostentar assim, tão orgulhoso
De ser não eu, mas artigo industrial,
Peço que meu nome retifiquem.
Já não me convém o título de homem.
Meu nome novo é Coisa.
Eu sou a Coisa, coisamente.

3 comentários:

  1. Gabriela Santos Oliveira - 07 3°A


    Jovens perderam valores e também suas autenticidades

    Os jovens de hoje não tem personalidade própria, vivem de aparências e escondidos atrás do que é imposto a eles. Já não se importam com ideais políticos e não pensam no futuro, perderam-se os valores e não lutam por seus direitos. Jovens estes que já estão corrompidos. Bem nos define isso, uma frase de “Eu, etiqueta” escrito por Carlos Drummond de Andrade, “Com que inocência demito-me de ser, eu que antes era e me sabia”. Trecho em que ele nos aponta a falta de identidade a qual os jovens se encontram.
    Embora a sociedade continue de olhos fechados, é possível perceber que há um grande problema com os jovens, afinal, vemos constantemente noticias que nos deixam estupefatos. Jovens matando, roubando, envolvidos em brigas de rua e muitos deles são intolerantes. Já não se vêem jovens unidos, engajados em alguma causa seja ela de qualquer natureza, poucos se importam com estudos e não respeitam regras.
    E todos esses fatos não podem ser indiferentes a nós, devemos nos ater que são eles o futuro de nosso país e se a juventude estiver perdida o Brasil também estará.
    Por fim ressalto a minha opinião, perderam-se os valores, deve-se cobrar mais dos jovens, fazer com que eles aprendam a ter suas responsabilidades. Liberdade demais talvez seja o problema disso tudo.
    Devemos parar de procurar culpados pelo problema e prestar mais atenção no que está acontecendo com os jovens, assim estaremos cuidando do futuro do nosso país.

    ResponderExcluir
  2. 3º B; Nayara Maria de Oliveira Soares; N° 35; redação: "Quem é o Jovem Brasileiro?"

    Por que ter atitudes rebeldes rebelde?

    Como vimos na canção, muitos jovens têm tudo o que querem, além do necessário e acabam se “revelando”, simplesmente pelo fato da vida não ter mais graça, não ter preocupações e muito menos responsabilidades, pois os próprios pais os tiram esse direito, não os deixando lutar pelos seus ideais.
    Já outros, por falta de identidade, (como esse trecho nos diz: “Hoje parece que reverenciamos celebridades, não heróis”. - CAMPBELL, 2006: p. 142-), pois visam apenas a estética, popularidade, coisas até então banais, mas que apenas os “jovens rebeldes” não percebem, acabam então se inspirando em atores de novelas, desenhos, terroristas, etc. E com isso se comportam, se vestem da maneira em que a mídia supostamente manda, marcando seus corpos, ou melhor, os agredindo e cometendo também loucuras apenas para chamar atenção.
    O resultado de tudo isso, é o mundo de hoje, que como vemos na TV, Telejornais, Internet, está piorando cada dia mais, com vários tipos de abuso, brigas em escolas e em muitos outros lugares, filhos matando os pais, pais matando os filhos, sem nenhuma consideração um para com o outro, enfim, o mundo esta se perdendo.
    Afinal, o que podemos fazer para melhorar isso? Como disse anteriormente, esse tipo de comportamento se acarreta muitas vezes, pela maneira em que essas pessoas são tratadas, educação vinda dos pais, mídia, enfim, pessoas assim precisam de atenção e compreensão, com um pouco de cada uma dessas coisas e também com um pouco de paciência podemos melhorá-las sim, e com isso, deixar um mundo melhor para nosso próximo.

    ResponderExcluir
  3. Felipe Pessoa Ruiz nº 06 3ºA

    Jovem. Pode ser descrito como uma grande mistura de emoções, pensamentos, ideias, desejos, sonhos e estilos. Todas esses itens fundidos em um só organismo dão origem a este ser tão complexo e único, cheio de defeitos, qualidades e peculiaridades que o tornam um ser criador de estilos e de filosofias.
    Atualmente, porém, o jovem vem passando por várias mudanças e está, progressivamente, perdendo os seus traços diferenciais, se tornando apenas mais um dentro de um padrão.
    Os três grandes responsáveis por essa descaracterização do jovem são as marcas, as mídias e finalmente ele mesmo.
    Marcas. Atualmente tudo o que compramos, vestimos, usamos, comemos e até bebemos gira em torno dessa simples palavra, e para o jovem ela possui um significado muito mais forte: aceitação.
    Jovens são seres com seu lado social em formação, portanto, tem a necessidade de comunicação, socialização, identificação e principalmente de aceitação. E é nesse fator que entra a maciça influência das mídias sobre o jovem: ela manipula e persuadis o jovem a se encaixar em um padrão, e juntamente com a influência das marcas dita as regras de cada padrão, estabelecendo o estilo de vestimenta, de cabelo , de alimentação e de vida que devem ser seguidos para alcançar a tão sonhada aceitação e identificação.
    Por último, fechando o ciclo de desindentificação dos jovens, estão eles mesmos que, com medo de quebrar os padrões e serem oprimidos por seus semelhantes, se tornam passivos
    Para recuperar a identidade do jovem, devemos quebrar as fronteiras e realmente inovar, criando uma nova identidade para cada um e aprendendo que a verdadeira aceitação não vem dos outros e sim dele mesmo.

    ResponderExcluir